Flora Nativa



Para compreender a razão que levou o jardim Monte Palace Madeira a preservar e ampliar a flora natural da Madeira, designada de Floresta Laurissilva, neste jardim temos que recuar na história.

Quando a Madeira estava a ser colonizada em 1420, foram criadas clareiras pegando fogo nas florestas. Isto deu origem à lenda do incêndio de sete anos descrita pelo historiador Gaspar Frutuoso.

Esta sucessão de fogos postos na costa Sul e o começo da exploração de madeiras em larga escala para exportação para o continente, foram os factores que contribuíram para a devastação da floresta nativa. Aliado a isto, havia os rebanhos de cabras e de ovelhas e o grande número de fábricas de açúcar e de carvão vegetal.

Embora partes da vegetação da ilha tenham sobrevivido, muitas das espécies endémicas da Madeira estão, ainda hoje, em vias de extinção. A Laurissilva, que genericamente se reparte por três níveis de altitude, com espécies diferentes, obrigou a que se criasse uma área no jardim que acomodasse espécies de todos os três níveis da zona montanhosa da Ilha, permitindo assim uma mostra geral deste tipo de floresta.

Entre outras espécies, encontra-se o dragoeiro, Dracaena draco, que floresce entre Agosto e Outubro. A sua seiva vermelha, conhecida como “sangue de dragoeiro”, era usada em remédios caseiros, na produção de tinta e em verniz para violinos.

Há ainda a Euphorbia piscatoria, um arbusto endémico do arquipélago da Madeira, que floresce entre Abril e fins de Maio. O seu nome científico deve-se ao facto de, nos tempos antigos, a sua seiva venenosa ter sido usada pelos pescadores para apanharem peixe em poças de água.

O maior número de espécies da Laurissilva neste jardim provém dos altos níveis, contudo, a vegetação das zonas altas facilmente se adapta a zonas de menor altitude. Entre outras, há o Loureiro das Canárias, o Til, o Vinhático e vegetação que floresce, tais como, o Orgulho da Madeira e a Cabreira.

A Laurissilva da Madeira é uma distinta relíquia do tipo de loureiro que anteriormente abundava na floresta. É a maior área onde sobrevive a floresta de loureiro e crê-se que seja 90% floresta nativa. Contém um conjunto único de plantas e animais, incluindo muitas espécies endémicas tais como o pombo-trocaz – a ave emblemática da Floresta Laurissilva.

A Floresta Laurissilva está classificada pela UNESCO como Património Natural Mundial desde 1999.